'Podemos enriquecer muito', diz Marcos Troyjo sobre papel do Brasil na disputa EUA-China

Diplomata e economista afirma que país deve usar vantagens naturais e posição geopolítica para equilibrar relações com China e Estados Unidos.

Marcos_Troyjo
Marcos Troyjo, ex-presidente do Banco dos BRICS. (Foto: Divulgação)

Marcos Troyjo construiu uma carreira marcada pela articulação entre economia, comércio internacional e desenvolvimento financeiro. No setor público, atuou como vice-ministro da Economia e secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Brasil, coordenando políticas voltadas à integração econômica e à atração de investimentos.

Na esfera acadêmica, foi idealizador e diretor do BRICLab, na Universidade Columbia, em Nova York, promovendo estudos e pesquisas sobre países emergentes e suas relações com a economia global. Sua atuação consolidou sua reputação como especialista em blocos econômicos emergentes e no financiamento de projetos estratégicos.

Com essa ampla bagagem, Troyjo destaca que o Brasil se beneficia de vantagens naturais exclusivas, sendo o único país com “teto retrátil” para produzir de forma sustentável, além de possuir as maiores reservas hídricas do mundo e contar com o fenômeno dos “rios voadores”, correntes de vapor atmosférico que transportam água por grandes distâncias. “A aliança entre agro e meio ambiente dá esse diferencial de sustentabilidade ao Brasil”, enfatiza.
Cenário geopolítico

À frente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), mais conhecido como Banco dos BRICS, entre 2020 e 2023, Troyjo liderou a expansão institucional da organização, reforçando sua posição estratégica no financiamento de infraestrutura sustentável em países em desenvolvimento. Sob sua gestão, o NDB ampliou operações e projetos voltados à energia limpa, mobilidade urbana e investimentos de longo prazo, consolidando-se como referência em desenvolvimento regional e integração financeira internacional.

Neste momento, Troyjo defende a construção de alianças estratégicas com consumidores e empresários norte-americanos. Ele alerta que, embora “possamos enriquecer muito” se o Brasil agir com inteligência no cenário de uma “Guerra Fria 2.0” entre China e Estados Unidos, é fundamental adotar uma estratégia capaz de extrair benefícios pontuais da relação com ambos.

“Hoje, por exemplo, o Brasil exporta mais para a China do que para os Estados Unidos e para a União Europeia juntos. A China representa mais do que o dobro daquilo que a gente vende para os Estados Unidos”, analisou em entrevista recente