Tramontina anuncia sua primeira Joint Venture com a fabricante indiana Aequs e passa a produzir panelas e outros utensílios fora do Brasil

A partir de outubro, está previsto o início da operação de uma nova linha de panelas de aço inoxidável, com capacidade para 75 mil unidades mensais.

Créditos Débora Zandonai
Eduardo Scomazzon, presidente do Conselho de Administração da Tramontina. (Foto: Débora Zandonai/Divulgação)

Com o objetivo de expandir a presença no mercado indiano e atender de forma mais eficaz o mercado global com produtos de qualidade e condições competitivas, a Tramontina se uniu à empresa indiana Aequs para anunciar sua primeira Joint Venture (JV). Anunciada em março, a nova unidade chamada Aequs Cookware Products Limited (ACPL) é a primeira fábrica da Tramontina fora do Brasil. Está localizada nas instalações da Aequs em Hubballi, no estado de Karnataka, e produz panelas e outros utensílios de cozinha para clientes na Índia e no exterior.

Com um investimento de Rs 800 milhões (rúpias indianas), a JV se beneficiará do ecossistema de produção de 160 hectares da parceira indiana na cidade de Hubballi. “Este é apenas o início dessa operação e vemos grandes oportunidades de crescimento e expansão, tanto na capacidade de produção quanto na gama de produtos para necessidades domésticas que oferecemos ao mercado. Queremos estender o legado de qualidade e inovação da Tramontina aos consumidores indianos mais exigentes, contribuindo na pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e na melhoria dos processos”, afirma Eduardo Scomazzon, Presidente do Conselho de Administração da Tramontina.

Forte demanda

A nova unidade conta com um quadro de 80 colaboradores e tem capacidade de produção de cerca de 400 mil panelas de alumínio por mês, com revestimento antiaderente ou cerâmico. A partir de outubro, está previsto o início da operação de uma nova linha de panelas de aço inoxidável, com capacidade para 75 mil unidades mensais.

“A demanda global crescente por panelas de alta qualidade representa uma grande oportunidade e esta parceria nos coloca numa posição privilegiada para atendermos tanto o mercado indiano, quanto o mercado internacional”, declara Aravind Melligeri, Presidente e CEO da Aequs.

A Tramontina entrou na Índia em 2024, com uma estratégia de varejo omnichannel, abrangendo comércio geral, varejo moderno e plataformas de e-commerce para garantir ampla disponibilidade em todo o país. Em junho de 2024 inaugurou seu centro de distribuição em Mumbai, a maior e mais importante cidade da Índia, com 890 m² de área. O movimento estratégico de JV visa fortalecer a presença da marca no país e expandir a participação na Ásia, diversificando a sua oferta de produtos para atender às preferências únicas dos consumidores indianos.

Ponto de Vista: Eduardo Scomazzon, presidente do Conselho de Administração da Tramontina

Como a Tramontina avalia o potencial do mercado indiano para seus produtos?

Na Índia temos uma linha totalmente desenvolvida para as necessidades e hábitos locais, agregando o conhecimento global de produtos que o Grupo possui. As marcas locais são muito fortes, mas encontramos espaço para trazer novidades, atendendo aos anseios de uma população apaixonada pela culinária indiana, mas que passou a ter maior contato com outras culturas e conceitos internacionais. O mercado vem crescendo e vemos bastante potencial para nossos produtos, considerando que passamos dois anos estudando o negócio e buscando os melhores profissionais antes de iniciar as operações.

A Tramontina acaba de dar um passo importante com a nova fábrica na Índia. Quais foram os fatores estratégicos que motivaram essa decisão? Trata-se de uma planta voltada à exportação, ao mercado local ou a ambos?

A Índia é um dos países com maior crescimento nos últimos anos e com maior perspectiva de negócios. Além disso, vem se estruturando como polo industrial e alternativa a outros países asiáticos. Identificamos potencial de mercado local, o parceiro ideal (Grupo Aequs) para essa jornada e posição geográfica estratégica para supply chain e para servir demais mercados. A fábrica tem o objetivo de atender, prioritariamente, o mercado local, com capacidade para exportar tanto para os Estados Unidos, como também para regiões onde operamos com grandes comunidades indianas.

Como a Tramontina avalia o potencial do mercado indiano para seus produtos? Há uma mudança no perfil do consumidor que favorece a entrada de marcas internacionais como a sua?

Na Índia temos uma linha totalmente desenvolvida para as necessidades e hábitos locais, agregando o conhecimento global de produtos que o Grupo possui.

As marcas locais são muito fortes, mas encontramos espaço para trazer novidades, atendendo aos anseios de uma população apaixonada pela culinária indiana, mas que passou a ter maior contato com outras culturas e conceitos internacionais.

O mercado vem crescendo e vemos bastante potencial para nossos produtos, considerando que passamos dois anos estudando o negócio e buscando os melhores profissionais antes de iniciar as operações.

Essa expansão para a Índia faz parte de uma estratégia mais ampla de internacionalização da marca? Quais outras regiões estão no radar da empresa para os próximos anos?

A Tramontina hoje tem operações em mais de 20 países e exporta seus produtos para mais de 120 países. A entrada na Índia representa mais um passo na nossa expansão internacional, buscando atuar em um país com forte potencial de crescimento econômico e que valoriza produtos de qualidade.

Estamos presentes em todos os continentes e seguimos em constante avaliação de oportunidades para expandir os negócios em todas as categorias em que atuamos.

Além da fábrica, a empresa considera possíveis joint ventures ou aquisições de empresas locais na Índia ou em outros mercados emergentes para acelerar a presença global?

Além da fábrica, possuímos outra empresa na Índia em parceria com um grupo local para a distribuição e comercialização dos produtos Tramontina. De fato, iniciamos a operação na Índia através da empresa de varejo e, na sequência, firmamos a parceria na fábrica. Temos um forte compromisso com o mercado indiano e acreditamos no potencial de toda a região.

As parcerias na Índia são a primeira experiência nesse modelo para a Tramontina que, até o momento, vem se mostrando muito interessante e positiva.

Temos presença em vários dos mercados emergentes, ou com operações locais, ou distribuidores. Sempre que identificarmos potencial para implementar uma nova operação,  estaremos atentos e faremos os movimentos necessários.

Quais os principais desafios encontrados para estabelecer operações industriais em um país como a Índia — seja do ponto de vista regulatório, logístico ou cultural?

Todo país possui suas particularidades e legislações que precisam ser observadas. Além disso, iniciar uma operação de manufatura exige desenvolvimento de supply chain, logística, busca de profissionais que atendam os níveis de governança e compliance, e grande conhecimento das exigências regulatórias.

Nossa decisão foi buscar um parceiro forte, que tivesse uma cultura similar a da Tramontina, com grande fundamento industrial. Assim, concluímos que o Aequs Group seria o parceiro ideal, dedicado a industrialização de vários produtos, forte estrutura de capitais, estrutura familiar como a nossa, trabalhando com elevado nível de compliance e alto nível tecnológico. Assim, conseguimos evoluir de forma mais fluída, segura e rápida.

Com a produção local na Índia, a Tramontina pretende adaptar o portfólio de produtos para atender especificidades culturais e de uso no mercado indiano? Há algum exemplo?

Investimos dois anos para entender as necessidades locais e identificar as tendências antes de entrar no mercado indiano. O portfólio de produtos da Tramontina Índia é totalmente novo, dedicado àquele mercado e a toda comunidade Indiana ou do sudeste asiático espalhada pelo mundo. Temos peças específicas, como os diferentes modelos de panelas Kadhai, Tawas, Tope Patila e Tadka pan.

Como a empresa vem conciliando o crescimento internacional com os investimentos no Brasil? A nova fábrica indiana impacta de alguma forma o plano industrial nacional?

A Tramontina tem um plano sólido de investimentos de longo prazo. Nos últimos anos fizemos diversos investimentos no Brasil em expansão de capacidade fabril, novas fábricas, como a Delta Porcelana, em Moreno/PE, inaugurada em 2022, e novas linhas de produtos, como as cozinhas industriais. O investimento na Índia está dentro do nosso plano estratégico e em nada reduz ou altera nossa capacidade de investimentos no Brasil. Contamos com uma sólida estrutura de capitais para suportar o crescimento em todas as regiões onde atuamos.

Em um momento em que marcas buscam ampliar eficiência e reduzir pegada de carbono, como a nova unidade na Índia se alinha às metas de sustentabilidade e inovação da Tramontina?

A sustentabilidade sempre foi um compromisso e foco da Tramontina em todas as suas operações. A fábrica da Índia segue todas as premissas ambientais do Grupo, assim como as premissas de sustentabilidade do nosso parceiro.

Falando especificamente em pegada de carbono, tendo a fábrica posicionada geograficamente próxima aos mercados consumidores e fornecedores de matéria prima, contribui muito para a redução de emissões, evitando grande deslocamento logístico.