O que precisamos para fazer da COP um evento que coloque o mundo na trilha do compromisso sustentável?

Executiva avalia o momento como essencial para a tomada de decisões que vão impactar o futuro.

WhatsApp Image 2025-05-27 at 10.39.40 (1)Viviane Mansi, executiva da Diageo e do Instituto Diageo.

Uma COP nunca é fácil. Ainda que a via do diálogo seja a melhor via possível para chegarmos a compromissos robustos, o caminho até lá é feito de avanços, e passos pra trás. Não à toa, sempre que uma COP termina, a gente busca entender o saldo. Os otimistas aplaudem os avanços. Os pessimistas respiram fundo, com receio de que a gente nunca chegue lá.

Eis que é a nossa vez de criar um ambiente adequado para grandes decisões, e de fazer do Brasil o palco daquilo que a gente possa lembrar com orgulho. Isto está longe de ser simples, pois os problemas do mundo são profundos e requerem muitas vezes mais tempo do que um mês de debate.

O que podemos fazer então para entrar na esfera de discussões jogando pra ganhar? Vou fazer uma tentativa de identificar os atores – pois a COP exige antes de tudo, ação, e esta depende de pessoas.

Todo mundo que acompanha o tema tem uma opinião sobre o que o governo local deve fazer, ou está fazendo, ou não deveria estar fazendo. Ainda que nem tudo que a gente queira possa ou vá ser feito, tentemos não jogar contra, e evitar de sermos nós, os brasileiros, os primeiros a atacar. Que a gente possa investir o nosso tempo, recurso e espaço de fala para estimular tudo aquilo que precisa ser feito – algo que eu chamaria de focar na “agenda positiva”.

Vamos falar também das empresas. Imagino que sejam muito provocadas a escrever uma linha nessa história. Mas uma linha some no todo se for apenas uma linha. Se você, empresa, for investir mais em ir pra COP do que nos projetos que você realiza, talvez seja melhor contribuir com o processo do conforto do seu escritório. Os temas que estarão lá já estão na agenda desde já e perpetuarão depois disso. Há muitas formas de fazer parte – não precisa ser de um jeito forçado, arriscado, digno de greenwashing.

A imprensa também está atenta, cobrindo a COP. Um papel hercúleo, vamos deixar claro. São muitas as pautas, as narrativas, os interesses. Uma chance única de viver o FOMO – “fear of missing out” ou medo de perder alguma coisa. Sim, vamos perder. Impossível acompanhar absolutamente tudo, daí a necessidade de começar desde já.

As ONGs estão tentando fazer o seu papel, honrar e ampliar os seus compromissos. Nada fácil com a quantidade de ofertas passando pela frente. É tentador ceder à possibilidade de novos investimentos, mesmo que alguns deles sejam de curto prazo. Passarão junto com a COP. E há também todas as outras ONGs, de temas não menos importantes, mas menos interessantes diante da necessidade de visibilidade das questões de clima nesse momento. Nada fácil se manter na luta.

Se você, leitor ou leitora, não se cansou e chegou até aqui, é disso que precisamos. Gente persistente, que vê os desafios, respira fundo e segue me frente tentando fazer melhor, com disposição a ver e participar da COP como mais um passo de compromisso entre tantos que veremos pela frente. Cavamos um buraco fundo e, portanto, é mais difícil sair dele, mas a luz está logo ali.

*Viviane Mansi é executiva da Diageo, do Instituo Diageo, educadora e mentora.