Agentes autônomos assumem o caixa: a nova cara dos serviços financeiros
O avanço da inteligência artificial inaugura a era dos agentes autônomos, transformando bancos e fintechs em assistentes financeiros invisíveis, proativos e personalizados.
Rodrigo Cury, vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios na Visa do Brasil. (Foto: Divulgação)
Como será o sistema financeiro nos próximos anos? A pergunta pode parecer uma projeção distante, mas quem acompanha de perto esse mercado sabe: a transformação já está em curso. A inteligência artificial (IA), que até pouco tempo habitava os domínios da pesquisa e da experimentação, agora ocupa um lugar estratégico no ecossistema financeiro. De tecnologia de suporte, passou a elemento central, moldando experiências invisíveis, inteligentes e, ao mesmo tempo, marcantes.
O papel das instituições financeiras – bancos, fintechs, financeiras, fornecedores de infraestrutura e serviços bancários - está sendo reconfigurado em tempo real. Se antes operavam como prestadores de serviço, agora se consolidam como verdadeiros assistentes financeiros com atuação ampla, contínua, contextual e personalizada na vida das pessoas e empresas. A IA, especialmente em sua vertente mais agêntica, é a engrenagem que permite essa transformação. É ela quem viabiliza serviços mais proativos, precisos e fluidos, ativados a partir da leitura de dados em tempo real e da compreensão profunda dos comportamentos, necessidades e decisões financeiras ao longo da jornada de cada um.
Essa jornada é impulsionada por uma rápida evolução tecnológica. Do machine learning tradicional à IA generativa e, mais recentemente, aos agentes autônomos - sistemas capazes de perceber, decidir e agir com autonomia. Se os modelos generativos já impressionaram pela capacidade de produzir conteúdos, em linguagem natural, os agentes elevam esse avanço: combinam tomada de decisão com execução, aprendem com o contexto e podem atuar diretamente no fluxo da vida real. A IA deixa de ser apenas uma interface e passa a operar como um sistema vivo e responsivo, a nosso serviço.
Vivemos uma era de hiperpersonalização em escala. No setor de viagens, por exemplo, a maioria dos consumidores espera experiências ajustadas ao seu histórico e às suas preferências. Já existem soluções que usam IA para antecipar o planejamento de viagens, sugerir itinerários e oferecer benefícios no momento certo, transformando o cartão de pagamento no companheiro ideal de jornada, de forma quase imperceptível, mas altamente relevante.
Com a IA se tornando cada vez mais agente e menos ferramenta, entramos em uma nova fase: a dos sistemas sociais e autônomos. Agentes que compreendem emoções, contextos subjetivos e históricos de uso. Essa combinação inaugura um novo patamar de qualidade nas experiências, em que decisões não seguem apenas regras pré-programadas, mas resultam de uma compreensão contínua do que é mais relevante para cada pessoa (muitas vezes antes mesmo que ela perceba essa necessidade).
É uma realidade promissora, mas que exige responsabilidade, colaboração e governança. Algumas empresas de meios eletrônicos de pagamento, como a Visa, vêm acumulando mais de três décadas de experiência no uso de IA para segurança e eficiência das transações. Atuando como infraestrutura de confiança para o ecossistema financeiro, essas empresas apoiam seus parceiros a explorar o potencial da IA com segurança e transparência, seja em transações com credenciais ou em pagamentos de conta a conta, com o uso de soluções que detectam fraudes e comportamentos anômalos com altíssima precisão e em tempo real.
Diante de tudo isso, a pergunta inevitável: e o que vem depois? A computação quântica desponta como o próximo marco, capaz de expandir exponencialmente a capacidade da IA. O que isso significará para pagamentos, crédito, identidade e privacidade? Ainda estamos trabalhando nessas respostas. Mas uma coisa é certa: o futuro não é um destino, é uma construção. E quem estiver disposto a compreendê-lo, liderá-lo e, sobretudo, humanizá-lo, não vai apenas acompanhar a inovação. Vai guiá-la.