EMS coloca o Brasil na elite global da indústria farmacêutica com medicamentos inovadores contra obesidade e diabetes
Com investimentos bilionários, tecnologia própria e aprovação da Anvisa, a EMS lidera uma nova fase da indústria nacional ao lançar medicamentos inéditos e disputar espaço com gigantes globais.
Carlos Sanchez, presidente do Conselho de Administração da EMS. (Foto: Gustavo Rampini/LIDE)
O mercado de medicamentos para obesidade tem um potencial de crescimento impressionante, podendo movimentar aproximadamente US$ 200 bilhões nos próximos anos, de acordo com levantamento do Barclays. O Brasil, com sua crescente atuação em pesquisa e novos investimentos na área, desponta como um exemplo de inovação, consolidando-se como um dos principais mercados emergentes neste segmento.
Neste sentido, a EMS, maior laboratório farmacêutico do Brasil, obteve aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no final de 2024 para a produção de dois medicamentos inovadores à base de liraglutida: Olire, para o tratamento de obesidade, e Lirux, voltado ao controle do diabetes tipo 2.
Esses medicamentos estarão disponíveis nas farmácias brasileiras ao longo de 2025 e as novas gerações já em 2026. Com essa conquista, a EMS se torna a primeira farmacêutica 100% brasileira a ingressar no mercado global dos chamados peptídeos, análogos de GLP-1 (medicamento que age semelhante ao hormônio natural), competindo diretamente com gigantes internacionais do setor e se firmando como a primeira empresa a desafiar a patente do Ozempic nos EUA, com previsão de vencer apenas em 2032. Agora, a empresa se torna pioneira a obter autorização para fabricar e comercializar essas moléculas tanto no mercado interno quanto no exterior.
A entrada da EMS nesse segmento é realmente um divisor de águas para a indústria farmacêutica nacional, posicionando-a como uma concorrente de peso no mercado global de tratamentos para obesidade e diabetes tipo 2. Carlos Sanchez, presidente do Conselho de Administração da EMS, destaca que a conquista representa um marco histórico para a companhia, que completou 60 anos em 2024 e alcança um novo patamar no segmento farmacêutico nacional e mundial.
“Desenvolvemos um produto no país, com tecnologia brasileira, do zero. Vamos fabricar desde a matéria-prima até o produto acabado, reforçando nossa posição de liderança no mercado farmacêutico brasileiro com produtos de alta qualidade e de grande impacto”, pontua.
Internacionalização
A inovação é atualmente a principal estratégia da EMS para expandir sua relevância global, investindo fortemente em pesquisa e desenvolvimento de medicamentos e submetendo-os à aprovação de agências regulatórias nacionais e internacionais. As novas terapias fazem parte desse movimento de internacionalização, que busca concorrer no mercado global com medicamentos complexos e de alta qualidade. Carlos Sanchez estima que, em até oito anos, a EMS poderá faturar US$ 2 bilhões no exterior e outros US$ 2 bilhões no Brasil com novas moléculas análogas ao GLP-1.
“Trata-se de um momento de transição, somos uma empresa pioneira em quase tudo e estamos crescendo muito tanto em inovação incremental como em inovação radical. Nosso grande salto será a internacionalização, um momento importante, mas sem perder nosso DNA que são os genéricos, produtos similares e de marca”, afirma Sanchez.
Os novos fármacos, pertencentes à classe dos análogos de GLP-1, empregam a tecnologia de síntese química de peptídeos, que assegura um elevado nível de pureza, menor custo e menor tempo de produção, comparado aos métodos tradicionais. A EMS direcionou um investimento superior a R$ 1 bilhão para a fabricação desses produtos, reafirmando seu compromisso com a inovação e a ampliação do acesso a terapias de qualidade. Esse avanço permite um alto grau de pureza e rendimento, garantindo um tratamento mais eficaz.
Ao mesmo tempo, a companhia já entrou com um pedido de aprovação junto à FDA, agência reguladora dos Estados Unidos, buscando autorização para comercializar a semaglutida no mercado americano, evidenciando sua estratégia de crescimento global e sua competitividade no setor de análogos de GLP-1. “Entrar no mercado norte-americano vai ajudar a incrementar ainda mais os investimentos em pesquisa, criando assim um ciclo virtuoso de novos lançamentos e a criação de soluções e produtos”, diz o presidente do Conselho de Administração da EMS.
Tecnologia e Pesquisa
Os fármacos reproduzem o GLP-1, um hormônio fisiológico produzido pelo intestino que regula a saciedade e os níveis de insulina no sangue. A tecnologia inovadora da EMS permite a fabricação desses medicamentos com matéria-prima sintética, reforçando o compromisso da empresa com a excelência científica, ganho de produtividade e a acessibilidade dos tratamentos.
De acordo com a empresa, o grande diferencial é justamente a tecnologia embarcada que usa matéria prima sintética (peptídeo químico) e permite um alto teor de pureza. A dose de Lirux é até 1,8mg ao dia; e de Olire, até 3mg ao dia.
Fabio Barros, Chief Science Officer da RBBL, explica que o IFA (Insumo Farmacêutico Ativo) dos novos produtos foi desenvolvido ao longo de 10 anos e contou com o apoio de cientistas e pesquisadores de diversas partes do mundo, operação potencializada pela presença internacional da EMS e por meio de sua fábrica na Sérvia adquirida em 2017 e seu laboratório de pesquisas MonteResearch, na Itália. “Muitos acreditavam que seria impossível o que estamos entregando hoje. Contar com uma fábrica como essa no Brasil e exportar para o mundo é um marco histórico para a ciência e a indústria brasileira”, detalha.
Juliana Megid, diretora de Relações Institucionais da EMS, lembra que foi a primeira vez que a Anvisa concede uma aprovação de produtos que não são apenas uma cópia de um registro já aprovado em outro lugar do mundo. “Todos esses anos de estudo e pesquisas, além do processo de viabilização e aprovação dos medicamentos representam um marco não só para a companhia, mas também para a própria Agência que passa a ter uma experiência direta com inovação e disrupção tecnológica. Essa é uma vitória de todos os brasileiros”, analisa.
Produção acelerada
Os medicamentos já estão sendo produzidos na nova unidade fabril da EMS, a Rio Biofarma Brasil Ltda., localizada na sede da EMS em Hortolândia, interior de São Paulo. A instalação de 2,5 mil m² foi inaugurada em agosto do ano passado e demandou um investimento de R$ 70 milhões, dos quais R$ 48 milhões foram financiados pelo BNDES.
Em Hortolândia também funcionam o complexo industrial, incluindo o Centro de Pesquisa & Desenvolvimento, um dos mais modernos da América Latina, e a unidade totalmente robotizada de embalagem de medicamentos sólidos. Para os novos medicamentos, a capacidade inicial de produção é de 20 milhões de unidades de canetas injetáveis por ano, com previsão de dobrar esse volume para 40 milhões de unidades ainda em 2025.
A nova unidade também impulsionará o mercado de trabalho, gerando mais 150 empregos diretos e cerca de mil postos indiretos. Com essa nova estrutura, a EMS reforça seu compromisso com a inovação e amplia seu protagonismo na indústria farmacêutica global, consolidando o Brasil como um importante polo de pesquisa e desenvolvimento no setor.
Além disso, a farmacêutica também investiu mais de R$ 11 milhões na modernização de sua operação logística, por meio da Snellog, sua própria operadora logística. O objetivo é aumentar em 30% a capacidade de expedição de medicamentos, alcançando 100 milhões de unidades por mês, melhorando a eficiência e a segurança na distribuição de produtos.
Próximos passos
Com um crescimento consistente e uma estratégia de expansão bem definida, a EMS continua a reforçar sua posição como uma das maiores indústrias farmacêuticas do Brasil e uma forte concorrente no cenário global. Os investimentos em inovação e infraestrutura posicionam a empresa como uma das líderes na oferta de medicamentos acessíveis e de alta qualidade, garantindo um futuro promissor no setor da saúde.
Dr. Iran Gonçalves Jr, Diretor Médico da EMS e do Grupo NC, explica que o uso de novas tecnologias garantiu um processo fabril muito mais ágil e de menor custo para os novos medicamentos.
“Vivemos hoje uma corrida tecnológica, no qual o investimento em pesquisa será essencial para conseguirmos atender uma demanda global crescente, principalmente quando observamos os gastos com saúde no futuro causado pelo envelhecimento da população”, afirma.
Carlos Sanchez revela que nos próximos dois anos a empresa deve dobrar os investimentos em P&D e também dobrar o número de pesquisadores. “Queremos chegar a 1500 cientistas em nosso Centro de Pesquisa. Também acredito que o Brasil possa ser uma das potências mundiais em estudo clínico em breve, o que vai proporcionar mais qualidade e agilidade para nossas operações”, conclui.