Motiva anuncia R$ 15 bilhões em obras e marca nova fase da CCR, afirma CEO Miguel Setas
Plano inclui obras na Dutra e no Paraná e reforça papel estratégico da iniciativa privada na infraestrutura nacional.
Miguel Setas, CEO da Motiva, fala sobre o novo momento estratégico da empresa. (Foto: Divulgação)
O setor logístico brasileiro passa por uma reconfiguração estrutural em 2025. Com aportes multibilionários nos principais modais, o país busca maior eficiência no escoamento da produção, redução de custos e menor impacto ambiental. A estratégia é baseada na integração entre ferrovias, rodovias, portos e aeroportos, com corredores logísticos desenhados para conectar áreas de produção a terminais e centros de distribuição de forma mais previsível e conectada.
Na malha ferroviária, a Rumo Logística prevê investimentos entre R$ 5,8 bilhões e R$ 6,5 bilhões em 2025, com foco em projetos como a ferrovia de 740 km entre Rondonópolis e Lucas do Rio Verde (MT), que liga centros do agronegócio a corredores de exportação. Já a MRS avança em obras de modernização que conectam áreas industriais e registrou, em 2024, faturamento de R$ 7 bilhões — crescimento de 8,9% — impulsionado por aumento de volume e recomposição tarifária. “Seguiremos investindo em infraestrutura com foco em segurança e impacto positivo”, afirmou Guilherme Segalla de Mello, presidente da MRS.
Na pista
No transporte rodoviário, o Grupo EPR assumiu novas concessões em Minas Gerais e Paraná com planos de duplicação e instalação de tecnologia. Em São Paulo, projetos como o Lote Noroeste, com 600 km de rodovias e R$ 13 bilhões em investimentos previstos, reforçam a conexão com regiões agroindustriais e a modernização de trechos urbanos. Parcerias público-privadas têm sido o principal instrumento para execução dessas obras.
Operações estratégicas
O setor portuário também passa por mudanças. Complexos como Santos, Paranaguá e Pecém recebem investimentos em conectividade modal e produtividade. Em Santos, avança o projeto de túnel submerso entre Santos e Guarujá. No Nordeste, terminais na Bahia e no Ceará ampliam rotas internacionais, reforçando a integração da região ao comércio exterior.
No modal aéreo, concessões e ampliações têm transformado aeroportos em polos logísticos. Viracopos, em Campinas, consolida-se como principal hub cargueiro do país, com planos de expansão voltados à indústria e à cadeia de transporte de cargas. “Queremos ampliar a integração entre operadores logísticos e usuários do modal aéreo”, afirma Maria Fan, diretora comercial do terminal.
Segundo o ministro Silvio Costa Filho, os investimentos em infraestrutura refletem diretamente na melhoria da oferta de serviços e no aumento da competitividade nacional. O momento atual indica uma inflexão na forma como o país estrutura sua logística: mais conectada, menos fragmentada e com papel crescente da iniciativa privada.
Integração
Na área de mobilidade, a Motiva — nova marca do grupo CCR para concessões de transporte — anunciou um plano de R$ 15 bilhões, com foco em rodovias e transporte urbano. Os projetos em curso incluem a modernização da Rodovia Presidente Dutra, obras no Lote 3 do Paraná e melhorias em terminais e frotas urbanas. “Entramos em uma nova fase de criação de valor e transformação estrutural iniciada em 2023”, afirmou Miguel Setas, CEO da Motiva.
Esse movimento coordenado entre logística, energia, saneamento e mobilidade sinaliza um reposicionamento do setor privado frente à infraestrutura. Os investimentos projetados refletem a intenção de ampliar serviços e redes essenciais, com atenção crescente a fatores ambientais e à integração entre modais.