'Aqui, a decisão de compra é emocional', afirma Marcelo Zimet sobre o desafio de vender no Brasil

Marcelo Zimet, presidente da L’Oréal no Brasil, fala sobre o cenário nacional para os negócios. (Foto: Reprodução)

Primeiro brasileiro a assumir a presidência da L’Oréal no país, Marcelo Zimet compartilha, em entrevista ao programa Show Business, os caminhos que o levaram à liderança de uma das maiores multinacionais de cosméticos do mundo. Com mais de uma década de atuação no grupo, Zimet revela como o Brasil se tornou um dos mercados mais estratégicos da companhia, reunindo características únicas de diversidade étnica, cultural e sensorial que transformam o país em um verdadeiro laboratório de inovação para o setor.

Na conversa, Zimet comenta a importância de ouvir o consumidor brasileiro em suas singularidades e emoções, reforçando que o sucesso da L’Oréal no país vai além da performance de seus produtos: passa por identidade, conexão afetiva e adaptação às necessidades locais. O executivo também fala sobre sua trajetória profissional, os desafios da liderança e a forma como o Brasil contribui para o desenvolvimento de soluções globais da marca.

Marcelo, você está na L'Oréal há 13 anos. Presidir uma empresa desse porte sempre foi um objetivo seu desde o início da carreira?

No começo da minha carreira, isso parecia algo muito distante. Sempre fui realista e estabeleci metas tangíveis, focando em passos curtos, como me tornar gerente, depois diretor, vice-presidente e, eventualmente, presidente de um país. Foi na metade da minha trajetória que comecei a visualizar essa possibilidade.

Quantas marcas a L'Oréal opera no Brasil atualmente?

Globalmente, o Grupo L'Oréal possui 38 marcas. No Brasil, operamos com 21 delas, divididas em quatro unidades de negócio: consumo massivo, produtos recomendados por dermatologistas, produtos profissionais e divisão de luxo.

Qual é a relevância do Brasil para os negócios globais da L'Oréal?

O Brasil é o quarto maior mercado de beleza do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, China e Japão. Já fomos o terceiro, e temos potencial para retomar essa posição. Além disso, o país é extremamente diverso, com 55 das 66 tonalidades de pele identificadas globalmente e todos os oito tipos de cabelo. Isso nos torna um laboratório natural para inovação.

Essa diversidade influencia diretamente no desenvolvimento de produtos?
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Com certeza. A miscigenação única do Brasil, resultado da herança indígena, africana e europeia, proporciona uma variedade que não se encontra em outros lugares. Isso nos permite criar produtos adaptados a diferentes necessidades, tornando o Brasil um hub de inovação para a L'Oréal.

Você mencionou a importância da conexão emocional com o consumidor. Pode explicar isso melhor?

No Brasil, a decisão de compra vai além da performance do produto. Elementos como fragrância, textura e embalagem têm um impacto emocional significativo. Lembro de uma consumidora que escolheu um produto porque "era bonitinho e cheirava bem", mesmo não sendo específico para ela. Isso mostra como fatores sensoriais influenciam as escolhas aqui.

Como a L'Oréal utiliza essa informação para desenvolver produtos?

Marcelo Zimet: Investimos em tecnologias que analisam estímulos cerebrais para entender as reações emocionais dos consumidores a diferentes atributos dos produtos. Isso nos ajuda a criar soluções que não apenas atendem às necessidades funcionais, mas também estabelecem uma conexão emocional com o público.