85% dos departamentos jurídicos usam ou pretendem usar IA generativa para buscar jurisprudência
Além disso, 81% adotam ou planejam adotar nos próximos 12 meses essa tecnologia para revisão de contratos e análise de riscos, aponta estudo da EY e Oxford Economics.
Além disso, 81% adotam ou planejam adotar nos próximos 12 meses essa tecnologia para revisão de contratos e análise de riscos. (Foto: Freepik)
Os departamentos jurídicos das empresas estão passando por um momento de transformação impulsionado pelas tecnologias em ascensão, com destaque para a inteligência artificial generativa. Essa é a constatação do estudo “2025 Law General Counsel”, produzido pela EY em parceria com a Oxford Economics, que aponta o uso da IA generativa em diversas tarefas do dia a dia. Mais de oito a cada dez entrevistados (85%) já usam ou pretendem usar essa tecnologia para fazer pesquisas legais, como buscar jurisprudência. Já 81% deram essa mesma resposta para revisão de contratos e análise de riscos, e 78% para gestão de conhecimento, como criar modelos de peças processuais. Na avaliação da pesquisa, o avanço tecnológico pode ajudar os advogados a darem respostas legais mais rápidas e precisas aos inúmeros desafios enfrentados pelas empresas em um mundo em constante transformação.
No total, foram entrevistados mil líderes de departamentos jurídicos e CLOs (Chief Legal Officers) de organizações provenientes de sete indústrias, 21 setores e 21 países, incluindo o Brasil, com US$ 1 bilhão ou mais em faturamento anual. Mais de 60 perguntas foram feitas aos entrevistados sobre desafios, prioridades e perspectivas dos departamentos jurídicos em um cenário de necessidade de inovação em meio à disrupção e incerteza próprias dos dias de hoje. As entrevistas foram realizadas entre novembro do ano passado e março deste ano.
Outras respostas ligadas à finalidade da adoção ou do planejamento de uso da IA generativa foram para realização de due diligence, como revisão de documentos e identificação de riscos potenciais, com 76%; rascunho das peças processuais (primeira versão sujeita à revisão humana), com 74%; aprender e ensinar o direito, também com 74%; ferramentas de negócio, como chatbots que respondem a dúvidas legais comuns, com 72%; gestão de propriedade intelectual, com o objetivo de acelerar processos de registro de patente e de marca, com 71%; e compliance regulatório, com 69%.
“Essas porcentagens demonstram que os departamentos jurídicos estão atentos às possibilidades da IA generativa, mas sabem que seu uso está condicionado a uma supervisão adequada para mitigar riscos em relação à acuracidade e aspectos de segurança como proteção dos dados. O trabalho de governança precisa envolver todas as etapas do uso da IA”, observa Telma Luchetta, sócia-líder da EY em Generative AI, Data e Analytics Latam.
Adaptação à tecnologia
O estudo também mensurou o uso das tecnologias de forma geral pelos departamentos jurídicos. Quase todos os entrevistados (92%) disseram que já adotam ou planejam adotar a revisão automatizada das notas fiscais ou recibos. Na sequência, 90% responderam que já têm ou pretendem ter recursos integrados de relatórios e painéis (dashboards). Logo depois, com 88% das respostas, a geração ou intenção de gerar documentos automatizados. Com essa mesma porcentagem, a realização ou intenção de realizar predição e analytics.
Mais de oito a cada dez respondentes (87%) disseram que já adotam ou pretendem adotar a automatização para monitorar as alterações regulatórias, aparecendo, na sequência, com 85%, a resposta de que adotam ou pretendem adotar o score automatizado para mensuração de risco. Já 83% dos entrevistados apontaram que já fornecem ou pretendem fornecer recomendações legais por meio da IA generativa, assim como chatbot. Por fim, 82% dos respondentes indicaram que já utilizam ou pretendem usar smart contracts.
O estudo da EY e da Oxford Economics conclui que a demora na adoção da tecnologia resultará em uma série de desafios para os departamentos jurídicos, como dados imprecisos e desorganizados ou espalhados em diferentes locais. “O resultado disso é a impossibilidade ou dificuldade de gerar insights por meio da IA generativa, já que, para tirar o melhor proveito dessa tecnologia, é imprescindível que os bancos de dados sejam de alta qualidade e confiáveis”, finaliza Telma.