7 cuidados que se deve ter com a saúde dos olhos

Visão prejudicada é fator de risco para quedas e fraturas em idosos e, nas crianças, afeta o rendimento escolar; saiba como evitar problemas.

ophthalmologist-doctor-consulting-patientVisão prejudicada é fator de risco para quedas e fraturas em idosos e, nas crianças, afeta o rendimento escolar. (Foto: Freepik)

Cerca de 1 bilhão de pessoas têm algum problema de visão que poderia ter sido evitado ou que precisa de tratamento correto, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Os principais são a catarata e os erros de refração não corrigidos. Mas a degeneração macular relacionada à idade, o glaucoma e complicações do diabetes também estão entre as principais causas de perda visual.

Esses problemas afetam, principalmente, pessoas acima dos 50 anos e estão associados a perda de produtividade, menor qualidade de vida e maiores índices de depressão. A visão prejudicada nos idosos é um fator de risco para quedas e fraturas recorrentes.

“Pesquisas mostram uma associação importante entre a baixa visual e queda em idosos, e um estudo publicado na Nature mostra que a deficiência visual aumenta o risco de demência, especialmente em homens jovens”, observa o oftalmologista Diego Monteiro Verginassi, do Hospital Israelita Albert Einstein. Esse estudo acompanhou um grupo de quase 800 mil pessoas ao longo de 12 anos.

Mas crianças também podem sofrer com a falta de visão, o que impacta até no rendimento escolar. Para evitar prejuízos, é essencial fazer consultas periódicas, ficar atento a alterações e tomar alguns cuidados básicos no dia a dia. Saiba quais são eles:

1. Não coçar os olhos

Levar as mãos aos olhos pode ser uma via de infecção. “Aliás, essa é uma das formas mais comuns de transmissão de doenças oftalmológicas infecciosas. Bactérias e vírus causadores de doenças, como a conjuntivite, por exemplo, chegam aos nossos olhos através do toque das mãos”, diz Verginassi.

Além disso, dependendo da intensidade e da força, pode-se piorar casos de ceratocone, doença que afeta a curvatura da córnea e que pode levar à perda visual. “Nosso olho funciona como uma máquina fotográfica, composto por um sistema de lentes. Uma delas é a córnea”, explica. Essa estrutura transparente, que cobre a parte da frente do olho, tem formato curvo e algumas pessoas nascem com uma predisposição a uma curvatura mais acentuada. Ao manipular excessivamente essa região, pode-se acentuar essa deformação.

2. Cuidar da higiene

Pálpebras e cílios são regiões que contêm dobras e pelos, o que facilita o acúmulo de sujeira, restos de maquiagem, entre outros elementos que podem conter microrganismos prejudiciais à saúde dos olhos, capazes de causar infecções. Por isso, a higiene é fundamental.

Uma dica é diluir xampu neutro infantil (aquele que não arde os olhos) na água morna durante o banho e limpar delicadamente essa região pelo menos uma vez ao dia.

3. Usar lentes de contato corretamente

As lentes de contato evoluíram muito em relação a conforto e qualidade óptica, ajudando a diminuir a dependência de óculos e proporcionando mais liberdade para atividades como esportes. Mas seu uso deve ser cuidadoso, observando o protocolo de limpeza e descarte.

As lentes existentes no mercado normalmente duram um dia, 15 dias ou 30 dias. “Esse prazo de descarte deve ser seguido rigorosamente para evitar a infecção da córnea, um quadro potencialmente muito grave que pode causar úlcera no local e cegueira irreversível”, alerta o médico do Einstein.

Também é essencial seguir rigorosamente as instruções sobre higiene orientadas pelo médico, usando apenas o produto adequado para limpeza e conservação das lentes (nunca água ou soro fisiológico, por exemplo), manipulando sempre com as mãos muito limpas e evitar usá-las ao tomar banho, no mar ou na piscina. A contaminação pode causar infecções sérias capazes de levar à perda da visão.

4. Ter óculos de sol de boa qualidade

Óculos de sol devem ser de boa qualidade, com filtro para raios UV. “Em ambientes escuros, nossa pupila se dilata e permite maior entrada de luz e radiação. Se você usar óculos de sol sem essa proteção, a lente escura promoverá a abertura da pupila e mais radiação ultravioleta entrará no olho, predispondo ao aparecimento de problemas como a catarata e até danos à retina”, explica Verginassi. “Por isso óculos vendidos de forma clandestina são tão perigosos.”

5. Fazer pausas ao usar telas

O uso de telas deve ser evitado em crianças menores de 2 anos. Após essa idade, deve-se usar gradativamente, mas sempre com bom senso. “Isso porque, além de arriscar piorar sintomas oculares como olho seco, [a tela] interfere no desenvolvimento e interação da criança com o meio”, lembra o especialista.

Pessoas que trabalham o dia todo no computador devem fazer pequenas pausas, lubrificar os olhos e tentar em alguns momentos focar a visão em objetos distantes.

O uso de colírios lubrificantes pode aliviar sintomas do olho seco, principalmente em quem fica o dia todo no ar-condicionado e de frente para telas. Mas vale lembrar: apenas o médico oftalmologista pode prescrever o melhor tipo, dependendo de cada caso. “Olho seco pode causar piora da visão, gerar desconforto intenso, prejudicar a qualidade da visão e até favorecer o aparecimento de infecções nas pálpebras e córnea”, explica o médico.

6. Fazer check-ups periódicos

O exame oftalmológico deve iniciar já no primeiro ano de vida. Nessa idade, a consulta envolve a aferição do grau e análise das estruturas oculares para avaliar a transparência e até para afastar doenças mais graves, como glaucoma e tumores.

“Geralmente, não se prescreve óculos nessa idade, mas é muito importante saber qual o grau dessa criança e, principalmente, se os olhos têm simetria. Se o grau de um lado for muito diferente do outro e isso não for detectado, a criança pode ter sequelas por não ter uma estimulação visual adequada”, alerta Verginassi. A partir daí, o oftalmologista vai indicar a periodicidade das consultas na infância — as sociedades médicas recomendam visitas anuais ao oftalmo a partir do primeiro ano.

Na idade adulta, o exame deve ser anual e envolve basicamente a medida da pressão ocular (que mede o risco de glaucoma), o exame de fundo de olho (para analisar a retina e outras estruturas) e da frente do olho, além da avaliação da motilidade ocular (para investigar estrabismo), exame de refração (para detectar o grau) e curvatura da córnea. Dependendo de cada caso, outros exames podem ser realizados.

7. Atentar-se aos sintomas

Procure o médico sempre que notar alterações na visão, coceira, lacrimejamento, secreção, vermelhidão ou hipersensibilidade à luz. Algumas doenças ou infecções podem evoluir rapidamente, comprometendo a visão. Outros sintomas, como visualizar clarões ou flashes de luz, mesmo sem dor, podem significar danos irreversíveis se não forem tratados com urgência.

Outro sintoma muito importante de ser avaliado precocemente são as chamadas “moscas volantes”, pequenas manchas que surgem no campo visual. Elas aparecem normalmente a partir dos 40 anos e podem ser parte do processo normal de envelhecimento devido à mudança na viscosidade do gel que preenche o olho, chamado vítreo. Em alguns casos, porém, pode ser o início de roturas de retina que devem ser prontamente identificadas e tratadas para evitar a progressão para doenças mais sérias, como o descolamento de retina.

Fonte: Agência Einstein