87% dos brasileiros se sentem prontos para se adaptar às novas formas de trabalho

Pesquisa “Hopes and Fears” mostra o alto nível de engajamento no ambiente de trabalho, com mudanças previstas pela implementação da IA generativa.

Camila-Cinquetti-scia-lder-da-rea-de-Workforce-da-PwC-BrasilCamila Cinquetti, sócia e líder de workforce na PwC Brasil. (Foto: Divulgação)

No Brasil, 87% dos trabalhadores sentem que estão prontos para se adaptarem às novas formas de trabalho, indica a pesquisa Hopes and Fears 2024, da PwC. O estudo ouviu 56 mil profissionais em 50 países - no mundo, este percentual é de 77%. A maioria dos trabalhadores acredita que a inteligência artificial (IA) generativa pode ajudá-los a melhorar a eficiência. Além disso, 70% dos respondentes no Brasil (60% no mundo) dizem que as mudanças recentes vividas os deixam otimistas em relação ao futuro nas empresas onde trabalham.

“É um cenário forte de otimismo e engajamento global”, comenta a sócia e líder de workforce na PwC Brasil, Camila Cinquetti. “Os trabalhadores estão ansiosos para se qualificarem e veem potencial no uso de IA generativa. Notamos que, especificamente no Brasil, há um sentimento de otimismo maior quando comparado ao contexto global”, completa. Nessa linha, a pesquisa indica que 48% dos entrevistados no Brasil (40% no mundo) acreditam que a IA generativa mudará a essência da sua profissão em menos de cinco anos.

Apesar do clima de engajamento, 52% dos profissionais brasileiros sentem que há muitas mudanças ocorrendo ao mesmo tempo e 34% (44% no mundo) não entendem o porquê das transformações. Nesse contexto, as organizações têm um papel importante de manter uma comunicação ativa com a sua força de trabalho.

“Em meio ao crescimento e sustentabilidade dos negócios, as organizações precisam se reinventar para se manterem competitivas no mercado. No entanto, as empresas precisam comunicar de forma clara os motivos das transformações e transmitir a mensagem de maneira eficaz em todos os níveis organizacionais. Se os profissionais não estão compreendendo o motivo das mudanças na empresa, temos um sinal de que o cascateamento da estratégia e sua comunicação está falho”, avalia Camila Cinquetti.

Cautela com a velocidade

Cerca de dois terços dos profissionais no Brasil e no mundo dizem que experimentaram mais mudanças no trabalho no último ano, na comparação com o ano anterior. “Este é um ambiente potencial de estresse. As mudanças no dia a dia do trabalho ampliam as preocupações sobre ser relevante no mercado de trabalho e a empregabilidade”, alerta Camila Cinquetti.

Nos últimos 12 meses, 56% dos profissionais brasileiros (45% no mundo) afirmaram que tiveram que aprender a usar novas ferramentas ou uma nova tecnologia para realizar o trabalho. Ainda no recorte Brasil, nos últimos 12 meses, 49% dos participantes da pesquisa tiveram aumento significativo no volume de trabalho e 47% afirmaram que notaram aumento nas responsabilidades. Conforme indicam as últimas edições da PwC Global CEO Survey, a necessidade dos negócios se reinventarem para se manterem competitivos e relevantes no mercado é o principal fator do crescimento dessas transformações.

“Não só o investimento em tecnologia impacta esse momento de mudanças, mas também, a necessidade de as empresas melhorarem seus processos para atingir eficiência e redução de custos”, comenta a sócia da PwC Brasil

Trocar ou não de emprego

Nesta edição da Pesquisa Hopes and Fears, 24% dos brasileiros afirmaram que pretendem mudar de emprego nos próximos 12 meses (28% no mundo) - queda de um ponto percentual em relação à edição anterior do estudo, quando 25% dos profissionais demonstraram este desejo. Em 2022, este percentual foi de 19%. Empresas devem estar atentas à experiência de um profissional no trabalho - o estudo mostra que é crucial acertar em relação a esse aspecto, para não aumentar o risco de desmotivação, estagnação da inovação, rotatividade e baixa adoção de tecnologia.

O investimento na atualização profissional (upskilling) se tornou tão valioso para as pessoas que elas o veem como um diferencial da empresa. A oportunidade de aprender novas competências é um fator-chave na decisão de permanecer ou não no emprego para 59% dos brasileiros (47% no mundo).

Os profissionais que preveem trocar de emprego nos próximos 12 meses tendem a atribuir muita importância a oportunidades de aprender novas competências. Do grupo dos que deram resposta positiva para a chance de mudança, 69% responderam que aprender uma nova habilidade influencia “muito” ou “extremamente” a decisão.

“Nossos dados mostram o quanto as pessoas valorizam as oportunidades que a empresa cria para o desenvolvimento de competências quando pensam em mudar de emprego. As empresas precisam ter mentoria sobre os tipos de habilidades que os funcionários precisam desenvolver. Também é importante criar uma cultura de aprendizado, na qual liberar oportunidades de conhecimento faça parte do DNA da organização. Além disso, o tema que se repete todo ano da pesquisa é a importância da remuneração. Em particular conta muito, e é essencial que as empresas reflitam em suas estratégias de remuneração total para garantir que estejam fornecendo um salário e pacotes competitivos”, opina Camila Cinquetti.

A pesquisa indica que 92% dos brasileiros consideram que um pagamento justo é “muito” ou “extremamente” importante para elas nos trabalhos em que estão - porém, existe um degrau de 63% acreditarem que recebem um salário que consideram adequado. É de 56% a soma das respostas de que a família do respondente consegue pagar as contas, mas não sobra dinheiro, e que a família tem dificuldade para pagar as contas - portanto mais da metade dos participantes da pesquisa vive sem folga financeira.