Guardas nacionais dos EUA são enviados da Virgínia Ocidental para Washington
Centenas de membros da Guarda Nacional da Virgínia Ocidental, nos Estados Unidos, serão mobilizados para Washington, a capital do país, para se juntar a tropa mobilizada pelo presidente Donald Trump no início da semana. O presidente dos EUA decretou situação de emergência na capital americana no dia 11 com o objetivo de "combater o crime e livrar a cidade da população de rua".
O envio das tropas da Virgínia Ocidental, anunciada neste sábado, 16, ocorre enquanto manifestantes em Washington rejeitam a polícia federal e as tropas da Guarda Nacional que se espalham pela cidade, historicamente democrata. O decreto do presidente federalizou a polícia local e mobilizou cerca de 800 membros da Guarda Nacional do Distrito da Columbia.
Ao adicionar tropas externas à Guarda Nacional e aos policiais federais, Trump passa a exercer um controle ainda mais rígido sobre a cidade. É uma medida que aumenta o poder do presidente sobre a capital sob a justificativa do crime e da falta de moradia, embora autoridades municipais tenham observado que os crimes violentos estão menores do que durante o primeiro mandato do republicano.
Um protesto contra a intervenção de Trump atraiu multidões ao Dupont Circle neste sábado, sucedido de uma marcha até a Casa Branca, a cerca de 2,4 quilômetros de distância. Nas faixas levadas pelos manifestantes foi possível ler frases como "Não à tomada fascista de Washington" e "Não à ocupação militar".
Trump estava em seu clube de golfe localizado na Virgínia após a cúpula de sexta-feira com o presidente russo Vladimir Putin, no Alasca.
Protesto rejeita agentes federais
Morgan Taylor, uma das organizadoras que coordenou o protesto deste sábado, disse que eles esperavam provocar uma reação negativa suficiente às ações de Trump para que o governo fosse forçado a recuar em sua agenda de combate ao crime e à imigração.
"Está calor, mas estou feliz de estar aqui. É bom ver todas essas pessoas aqui", disse ela. "Não acredito que isso esteja acontecendo neste país neste momento."
John Finnigan, de 55 anos, estava andando de bicicleta quando se deparou com o protesto no centro de Washington. O gerente de construção imobiliária, que mora na capital há 27 anos, declarou que as medidas de Trump são "ridículas" porque a criminalidade está em queda.
"Espero que alguns prefeitos e moradores tomem a iniciativa e tentem dificultar que isso aconteça em outras cidades", disse Finnigan.
Jamie Dickstein, uma professora de 24 anos, disse que estava "muito desconfortável e preocupada" com a segurança de seus alunos, dada a presença de "policiais não identificados de todos os tipos" que agora vagam por Washington e detêm pessoas.
Dickstein disse que compareceu ao protesto com amigos e parentes para "evitar um efeito dominó contínuo em outras cidades".
Guarda Nacional da Virgínia Ocidental chega a Washington
O governador Patrick Morrisey, republicano da Virgínia Ocidental, anunciou neste sábado que enviaria um contingente de 300 a 400 soldados da Guarda para Washington. "A Virgínia Ocidental tem orgulho de apoiar o presidente Trump em seu esforço para restaurar o orgulho e a beleza da capital do nosso país", declarou.
A ação da Virgínia Ocidental sugere que o governo vê a necessidade de mais policiais após o presidente minimizar a necessidade de Washington contratar mais policiais.
Aplicação da lei federal em Washington atrai reações mistas
Agentes federais apareceram em alguns dos bairros mais movimentados da cidade. A recepção foi uma mistura de elogios, resistência e alarmes de moradores locais e líderes de todo o país.
Os líderes da cidade, que são obrigados a cooperar com o decreto de Trump sob as leis federais que regem a governança local do distrito, buscam trabalhar com a Casa Branca, embora tenham se irritado com a medida, que amplia os poderes de Trump.
Após uma audiência judicial, a secretária de Justiça dos EUA, Pam Bondi, emitiu um memorando instruindo o Departamento de Polícia Metropolitana a cooperar com a polícia federal de imigração, independentemente de qualquer lei municipal.
Autoridades da cidade dizem que estão avaliando a melhor forma de obedecer.
No decreto de segunda-feira (11), Trump declarou estado de emergência por causa da "falha do governo municipal em manter a ordem pública". Ele disse que isso impediu a "capacidade do governo federal de operar com eficiência para atender aos interesses mais amplos da nação sem medo de que nossos trabalhadores sejam submetidos à violência desenfreada".
Em uma carta aos moradores da cidade, a prefeita Muriel Bowser, uma democrata, escreveu que "nosso autogoverno limitado nunca enfrentou o tipo de teste que estamos enfrentando agora".
Ela acrescentou que se os moradores de Washington se unirem, "mostraremos à nação inteira o que significa lutar pela democracia americana - mesmo quando não temos acesso total a ela".