'O Brasil não pode ser resumido à Amazônia', diz vice-governador em fórum na Índia
Mateus Simões defende protagonismo de Minas Gerais e alerta para visão limitada sobre o país nas pautas climáticas globais.
Vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões, alertou para o risco de o Brasil ser representado unicamente pela Amazônia nas negociações climáticas internacionais. (Foto: FTF/LIDE)
Durante o LIDE Brasil Índia Fórum, em Mumbai, o vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões, alertou para o risco de o Brasil ser representado unicamente pela Amazônia nas negociações climáticas internacionais. “O Brasil não pode ser resumido somente à Amazônia. Existem oportunidades enormes para além disso em todo o país”, afirmou. Ele fez referência direta à escolha de Belém como sede da COP30, criticando a fragilidade estrutural da cidade e pedindo atenção às demais regiões do país.
Ao apresentar os dados de Minas Gerais, Simões destacou a força do estado na agroindústria e na mineração. “Minas é o maior produtor de café do mundo. Se fosse um país, ainda assim estaria na liderança”, disse. Ele ressaltou que o estado também figura entre os primeiros colocados na produção de leite, cana-de-açúcar, soja e milho. “O nome do estado é Minas Gerais, e mesmo com nossa base minerária, pela primeira vez neste ano, as exportações agrícolas superaram as minerais”, afirmou.
O vice-governador reforçou o papel do estado na transição energética, mencionando que Minas é reconhecido pela ONU como o estado subnacional mais avançado em políticas de neutralização climática nas Américas.
“Somos comparáveis à Escócia em ações de controle de emissões e propostas de neutralização”, disse. Segundo ele, esse avanço tem ocorrido sem prejuízo à atração de investimentos. Simões citou a recente aquisição da montadora Iveco pela Tata Motors como sinal da confiança indiana no ambiente regulatório local.
Simões defendeu a política energética brasileira, mencionando a matriz elétrica majoritariamente renovável e o uso de etanol como alternativa viável à eletrificação da frota leve. Para os veículos pesados, apontou a renovação da frota como solução mais efetiva para reduzir emissões. “Se nós convertêssemos os nossos motores a Euro 6, isso só reduziria 80% da emissão no Brasil de gás de efeito estufa pelos veículos de carga pesada”, afirmou.
Encerrando sua fala, o vice-governador convidou os empresários indianos a olharem para além do eixo tradicional de investimentos no Brasil. “Há muito ainda a se conquistar em economia verde no Brasil. Seja como produtor de minerais de transição ou como plataforma de acesso ao mercado latino-americano, o país está pronto para isso”, concluiu