Taxas de juros sobem com realização de lucros, Treasuries, fiscal e leilão
Os juros futuros subiram durante esta terça-feira, 20, em movimento de realização de lucros após o recuo visto ontem em reação a falas do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, mas a alta perdeu força no fechamento dos negócios. O ajuste ao longo do dia foi puxado inicialmente pelo avanço dos rendimentos dos Treasuries e do dólar. Depois, ganhou força com o leilão de NTN-B que teve lotes e risco maiores para o mercado, além de desconforto com a questão fiscal após declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 fechou em 14,73%, de 14,71% ontem no ajuste, e para janeiro de 2027 avançou de 13,92% para 13,96%. O DI para janeiro de 2029 encerrou com taxa de 13,50%, de 13,49%.
A agenda local e externa sem destaques deu espaço para o mercado embolsar parte dos ganhos recentes. Pela manhã, segundo o estrategista-chefe e sócio da EPS Investimentos, Luciano Rostagno, a curva local acompanhou o movimento de avanço dos Treasuries, que ainda repercutiam o rebaixamento da nota soberana dos EUA pela Moodys, com o corte de juros pelo Banco do Povo da China ficando em segundo plano.
À tarde, o ambiente doméstico teve mais peso. "Houve certo incômodo com as declarações do Lula, especialmente na área de habitação", afirma Rostagno.
Na XXVI Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, o presidente disse que o governo lançará três novas políticas públicas ainda neste ano e anunciou um programa de crédito para reforma de casas em complemento ao Minha Casa, Minha Vida, cujos recursos virão do Fundo Social. Ainda que as medidas não sejam novidade, remeteram ao estresse da semana passada, provocado pelas informações de bastidores de que o governo prepara um pacote de medidas na tentativa de melhorar sua popularidade, o que foi negado pela Fazenda.
Por outro lado, o Broadcast apurou que a ampliação de recursos para o novo "vale gás" só deverá ser tratada na discussão do orçamento de 2026, visando ampliar o números de beneficiários do programa. As fontes reforçam que o limite do programa neste ano segue sendo aquele já estabelecido na Lei Orçamentária Anual (LOA), em cerca de R$ 3,5 bilhões.
Na gestão da dívida pública, o Tesouro trouxe lote robusto de NTN-B para o leilão, de 4 milhões, o maior do ano, segundo a XP Investimentos, que destaca ainda a abertura da curva logo após a divulgação do edital. "A oferta de títulos teve aceitação total pelo mercado. Destacamos o fechamento das taxas de todos os títulos ofertados, em linha em linha com a retração dos juros reais nas últimas semanas", disseram os profissionais da instituição. O risco em DV01 foi de US$ 2,43 milhões, ante US$ 530 mil na semana passada.