'Não seremos líderes em IA, mas podemos alimentar o mundo”, afirma Roberto Brant

Autoridades defendem papel estratégico do Brasil na produção de alimentos e energias limpas.

WhatsApp Image 2025-06-11 at 10.11.25Roberto Brant, presidente do Instituto CNA e ex-miistro da Previdência e Assistência Social. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)

O 2º Brasília Summit, realizado pelo LIDE no Distrito Federal, é palco de reflexões profundas sobre o papel do Brasil no cenário global. Com representantes de diversos setores, o evento pauta a força do agronegócio brasileiro, da segurança alimentar e dos desafios logísticos, climáticos e fiscais que envolvem o setor.

Para o ex-ministro Roberto Brant, o Brasil precisa aceitar que seu protagonismo no futuro será distinto dos centros tecnológicos do Norte global.

“Nós não seremos líderes em inteligência artificial, mas podemos ser líderes em energias alternativas e no abastecimento de alimentos, calorias e proteínas para todo o mundo”, afirmou. Ele defendeu que o país pense mais no longo prazo e entenda sua vocação como potência tropical capaz de atender às crescentes demandas de regiões como África e Sudeste Asiático.

Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e coordenador do GVAgro, destacou o papel central do Brasil na revolução agrícola tropical.

“O cerrado é o Maracanã onde vai ser jogada a Copa do Mundo da alimentação — e nós vamos ganhar”, declarou. Para ele, o agro é a resposta para os grandes desafios globais. “Não haverá paz no mundo se houver fome. Agro é paz”, resumiu.

WhatsApp Image 2025-06-11 at 10.25.24Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e embaixador da FAO para o Cooperativismo. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)

Pedro Lupion, presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, criticou duramente as propostas do governo federal que aumentam a carga tributária sobre o setor. “O que nós não precisamos é de aumento de impostos. Isso afugenta investimentos e encarece a produção. O agro não pode ser atrapalhado”, disse, ao condenar medidas como a tributação de instrumentos financeiros ligados ao financiamento do agro.

Do ponto de vista do varejo, João Galassi, presidente da Abras, reforçou o papel essencial do setor na cadeia de abastecimento. “O Brasil não é só potência agrícola, ele garante comida na mesa das pessoas. 74% do frango e 72% da carne bovina produzida aqui é consumida no próprio país”, afirmou. Ele também destacou iniciativas como a criação da Cesta Básica Nacional e a proposta de venda de medicamentos em supermercados como forma de ampliar o acesso à saúde.

WhatsApp Image 2025-06-11 at 10.51.12Irajá Silvestre, senador e titular de Assuntos Econômicos do Senado Federal. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)

O senador Irajá Silvestre (PSD-TO) acrescentou a importância de investimentos em infraestrutura, como a Hidrovia do Arco Norte, e em marcos regulatórios.

“O Brasil tem o seu próprio Mississipi adormecido. Quando ativado, será um divisor de águas no escoamento da produção”, disse. Ele defendeu, ainda, a regulamentação da aquisição de terras por estrangeiros com critérios que favoreçam o investimento produtivo e a segurança jurídica.

Além deles, o senador Zequinha Marinho (PL-PA) chamou atenção para o paradoxo entre potência agroexportadora e a persistência da fome no país. “Mesmo líder no agro, o Brasil ainda convive com a fome de milhões. O que falta é distribuir melhor a renda e garantir que o alimento chegue a quem precisa”, disse.