Empresas que investem em bem-estar têm retorno de até 10 vezes, aponta CEO da Wellhub
Especialistas e empreendedores destacaram, no Seminário LIDE – Wellness e Qualidade de Vida, como saúde preventiva, academias premium, nutrição consciente e democratização do bem-estar moldam a economia do setor.
CEO da Wellhub Brasil, Ricardo Guerra. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)
Investir em bem-estar pode ser um dos negócios mais lucrativos para empresas. De acordo com o CEO da Wellhub Brasil, Ricardo Guerra, organizações que apostam em programas de saúde e qualidade de vida chegam a obter R$ 10 de retorno para cada R$ 1 investido — seja pela redução de custos com planos de saúde, pela queda no absenteísmo ou pelo aumento da retenção de talentos. O dado foi apresentado nesta quarta-feira (17), no Seminário LIDE – Wellness e Qualidade de Vida, realizado na Casa LIDE, em São Paulo.
O painel de abertura reuniu médicos, executivos e líderes empresariais para discutir como o bem-estar deixou de ser assunto periférico e se consolidou como ativo estratégico de negócios. Além de Guerra, participaram nomes como Claudio Lottenberg (LIDE Saúde e Hospital Albert Einstein), Fernanda Catena (especialista em longevidade), Moisés Cohen (UNIFESP e Einstein), Linamara Battistella (USP), Ricardo Rocha (Technogym) e Sri Prem Baba (LIDE Wellness).
Médica Fernanda Catena. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)
A médica Fernanda Catena lembrou que três em cada quatro brasileiros acima de 60 anos sofrem de doenças crônicas preveníveis, e defendeu a construção de longevidade baseada em três pilares: regeneração, energia e performance. “Não existe pílula mágica. Nossa pílula é o estilo de vida”, afirmou.
Na mesma linha, o ortopedista Moisés Cohen traduziu o desafio da saúde em linguagem empresarial. Segundo ele, o Brasil perde em média R$ 48 bilhões por ano com afastamentos e internações decorrentes da baixa qualidade de vida. “A falta de saúde é um custo invisível que corrói o bônus das empresas. Quando a saúde é bem gerida, ela se transforma em dinheiro em caixa”, alertou.
A professora Linamara Battistella, da USP, destacou a importância da personalização e da inclusão, especialmente para pessoas com deficiência. Para ela, qualidade de vida significa também participação social e propósito. “Propósito é fazer parte. É isso que garante adesão e melhora real”, disse.
Ricardo Rocha, CEO da Technogym. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)
Já Ricardo Rocha, CEO da Technogym, apontou que academias são apenas uma fatia do setor de bem-estar. Hoje, lares, condomínios e empresas respondem por mais da metade da demanda, em um mercado que cresce aceleradamente e se torna parte da estratégia corporativa de retenção de talentos.
O painel ainda teve a participação do mestre espiritual Sri Prem Baba, que chamou atenção para o papel das lideranças no equilíbrio emocional. Para ele, o autoconhecimento deve ser incorporado às organizações. “O verdadeiro sucesso é encontrar equilíbrio e propósito — tanto na vida pessoal quanto no ambiente corporativo”, afirmou.
Negócios inovadores e novas mentalidades
O psiquiatra Arthur Guerra, presidente do Conselho Diretor do Instituto Perdizes do Hospital das Clínicas da USP, destacou cinco pilares para quem busca longevidade: moderação no consumo de álcool, prática equilibrada de exercícios, sono reparador, alimentação saudável e lazer. “Estamos num processo de caminhar para viver 100 anos ou mais. Isso depende dos nossos hábitos”, disse.
Médica Rosana Takako, especialista em nutrição. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)
Na sequência, o empresário Eilson Studart Filho apresentou o case da Six Sport Life, academia de alto padrão que combina design, hotelaria e tecnologia para transformar a experiência do aluno. Com mensalidades entre R$ 2.500 e R$ 3.000, a rede aposta em conveniência, networking e exclusividade para atrair executivos e políticos antes afastados da vida ativa. “Nosso cliente não fica 40 minutos, mas três ou quatro horas dentro da academia, porque ele encontra conforto, serviços, eventos e oportunidades de negócio”, contou.
A médica Rosana Takako, especialista em nutrição, trouxe um olhar de consciência alimentar inspirado no Ayurveda e na medicina integrativa. Segundo ela, os alimentos frescos e naturais elevam a energia vital, enquanto ultraprocessados e álcool contraem a consciência e aumentam riscos de doenças. “O maior patrimônio da saúde é a clareza mental e a boa digestão. Precisamos ressignificar a nutrição como caminho para autorrealização”, afirmou.
Empreendedora e investidora Cris Arcangeli. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)
Já o CEO da Essentia Group, Paulo Urban, destacou como empresas podem ser agentes transformadores. O grupo, que atua com suplementos, farmacêuticos e cosméticos, estende práticas de bem-estar aos seus 1.700 colaboradores, incluindo planos de atividade física, médicos e terapeutas. “Uma das primeiras perguntas que fazemos é: como você quer existir? Nosso papel como líderes é ajudar as pessoas a manifestarem seu potencial máximo”, disse.
O cardiologista Raffael Fraga, coordenador do check-up do Alta Diagnósticos, trouxe números preocupantes: 45% dos executivos acima de 40 anos têm gordura no fígado e 60% são sedentários. Ele defendeu a prescrição estruturada de exercício físico e dieta pelos médicos, além da importância das conexões sociais na longevidade. “A medicina precisa deixar de focar apenas em remédios e abraçar a prevenção como prioridade”, ressaltou.
Encerrando o painel, a empreendedora e investidora Cris Arcangeli falou sobre o desafio de democratizar o acesso ao bem-estar. Ela citou experiências em comunidades, como projetos de hortas hidropônicas em Paraisópolis, e alertou para a necessidade de combater a desinformação sobre suplementos e terapias. “Prevenção de saúde precisa ser comunicada em larga escala. Nosso papel é expandir esse conhecimento para além das elites”, destacou.
Cardiologista Raffael Fraga, coordenador do check-up do Alta Diagnósticos. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)